8 de fevereiro de 2010

Porque eu fiz o que fiz

Contar sua própria história é a melhor forma de entendê-la melhor, pois a nossa cabeça é hipertextual, mas o texto não. Um texto deve ser linear como a vida analógica também é. Tenho atravessado uma fase de diversas revoluções, opções e dúvidas e não existe nada melhor do que entender sua própria história para se entender melhor. Esta é, portanto, uma breve explicação de como vim parar no mundo da comunicação.

A primeira forte lembrança que eu e minha família temos é da época da pré-escola. As professoras não entendiam porque enquanto as outras crianças desenhavam casas ou carros eu insistia sempre em desenhar o rack da sala com a TV, o videocassete, o aparelho de som, as caixas...

Mas aí veio a escola, os problemas de relacionamento e o computador. E tudo para a minha família já parecia traçado: Vai fazer exatas, ciência da computação, um cientista.

Mas eu tinha em casa uma mãe que é professora e muitos livros. Li muito, acompanhei ela em várias aulas, vendo como era a luta diária dela na missão de transmitir conhecimento, passar a mensagem. E essa ciência ia me intrigando.

Da biblioteca da minha mãe vieram lições fundamentais. Como o livro "Alicerce para um mundo novo", escrito nos anos 70 pelo Pe. Zezinho. Um dos seus capítulos trata das questões referentes aos meios de comunicação:

Se um dia puder ligar-se aos meios de comunicação, guarde este conselho: "Você será responsável diante de si mesmo, diante de Deus, diante do país e do futuro, de cada palavra vazia ou negativa que emitir. Diante de uma câmera, ou de um teclado, ou ainda frente a um público você será um educador, ou não terá direito de falar a tanta gente." Reflita seriamente em tudo isso.


Meios de comunicação, um sonho muito distante mas que continuavam me fascinando. Mas das brincadeiras de imitar programas de TV iam ficando cada vez mais sérias por causa do pastor da igreja que eu frequentava. Ele era videomaker inveterado. Sem recursos, porém persistente, assim como eu. Logo estávamos juntado forças fazendo curtas-metragem de edição precária e passando horas analisando e comentando tudo sobre televisão.

Conforme o negócio foi se profissionalizando e crescendo comecei a ganhar meu próprio dinheiro e aprender mais lições sobre o ofício. Dentre tantas conversas deste período, outra frase ficou pra sempre na minha memória:

A realidade é que as pessoas são influenciáveis mesmo, infelizmente. O que devemos saber é como influencia-las positivamente e o fazer.


Influência e responsabilidade, duas palavras que me perseguiram essa trajetória inteira, da qual eu mal sabia onde ia dar. Vim parar num mundo mundo diferente do qual imaginei ou esperei, mas estou muito longe de estar decepcionado. Tive oportunidades que nem nos meus sonhos mais otimistas eu poderia ter. Mas nunca esqueci e quero nunca esquecer destas duas palavras que me nortearam até aqui, por mais incompleto que ainda esteja o caminho.

Por tudo isso sempre que se debate qual seria a diferença entre um blogueiro e um jornalista me sinto seguro em dizer que o papel de jornalista surge quando a responsabilidade com o que você vai dizer é maior do que seus próprios interesses pessoais ou comerciais. Saber da capacidade que as pessoas tem de acreditar no que você disser e isto for de alguma forma construtivo na vida delas, e poder dormir tranquilo sabendo que a verdade foi colocada em primeiro lugar.

E foi assim que eu cheguei até aqui.


Para continuar navegando sobre o assunto:

- 5 coisas que aprendi sobre TV
Texto meu como convidado no blog Memórias Fracas sobre a lições de convivência e trabalho em equipe que tive dentro dos meus 2 anos de televisão.

- Por que jornalismo? #1
Um relato pessoal sobre como uma decisão é feita de muitos fatores.

2 comentários:

  1. Parabéns! Nunca duvidei da sua responsabilidade e bom senso :)

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  2. Tenho para mim que algumas pessoas aprendem Comunicação, enquanto que outras já nascem com esse dom. É o seu caso.

    Continue na luta, pois o seu futuro pode ser brilhante. Só depende de você. ;)

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