30 de novembro de 2010

Meu livro


E ainda há quem largue livros por aí. Sorte de quem os encontra.



Como disse Dinho Ouro-Preto, uma atitude pode mudar o rumo da sua vida. Uma dessas pode ter mudado a minha vida.

Até hoje não entendi nem como nem porquê. Simplesmente aconteceu. Deixaram um livro sobre Leonardo Da Vinci na sala de espera do escritório do meu pai. É comum ver pessoas levando páginas ou até revistas inteiras de uma sala de espera mas deixar algo é algo muito atípico.

Um livro sem texto, com muitas figuras. Me soou como um enigma desde o primeiro momento: como uma obra sobre uma pessoa como Da Vinci não teria nenhum comentário, nenhuma legenda?

Com o objetivo secreto de resolver todo este enigma absorvi a curiosidade transversal, que não respeita área de exatas ou humanas. Pesquiso, atuo e gosto em ambas sem me questionar qual deveria ter minha dedicação integral: jornalismo, programação, documentação...

Há quem veja como megalomania e há quem veja um simples reflexo de uma nova geração. Como fato mesmo eu só tenho um livro.

26 de novembro de 2010

Agradecendo


(para ilustrar o post, um excelente trabalho da NBC Artworks e Nathan Love para o Thanksgiving deste ano)



Mais um Dia de Ação de Graças que acontece é mais um dia em que mostra o nosso poder de sermos influenciáveis. Do ponto de vista cultural é mais um feriado que importamos junto do Halloween. Do ponto de vista econômico continuamos sonhando com as liquidações da Black Friday. Mas me interessa mais falar da essência deste feriado.

Dentro da limitada visão que tenho da cultura norte-americana defino o Ação de Graças como um feriado até mais importante que o Natal. E se perguntarem a minha opinião sobre isto direi que acho isso muito justo.

Haverão os cristãos escandalizados por tamanho desprezo com o aniversário de Jesus. Deixo a eles o direito de se escandalizarem sozinhos, pois eles não tem a capacidade de enxergar além de um evento o significado de uma obra.

Páscoa, Natal, são todas datas comemorativas simbólicas ligadas ao passado, celebrando um evento acontecido que apenas indiretamente nos atinge nos dias atuais. O Ação de Graças é um feriado que — se focado em sua real essência — trata do presente e do futuro, do hábito de agradecer a todos os envolvidos as conquistas realizadas ao longo do ano e de manter estes laços. Olhando para o futuro, na construção dele.

Independente da sua crença esta é uma reflexão fundamental a se fazer, quais são os frutos de ser uma pessoa grata a tudo. Principalmente numa época onde as pessoas preferem dedicar seu tempo e intelecto para reclamar de tudo e todos.

25 de novembro de 2010

Top 5 episódios de Doctor Who

Apenas dois critérios são usados para fazer este ranking de 5 episódios essenciais da temporada moderna (de 2005 para cá) de Doctor Who: Adrenalina e "epicidade" da história. Cada fã pode ter suas preferências mas eu duvido que alguém conseguiria deixar estes de fora:



5 - "The End of Time"

A verdade sobre a sua raça, a diferença dos seus valores e a que preço levar eles até as últimas consequências. Uma das melhores, senão a melhor, atuação de David Tennant como Doutor num roteiro excelente.




4 - "The Pandorica Opens"

Num final de temporada épico, como todo season finale de Doctor Who é, o 11º Doutor coloca os pingos nos "is" e demonstra numa cena inesquecível sua posição frente a todos os seus inimigos espalhados pelo universo.




3 - "Journey's End"

Uma cena épica com uma grande mensagem. Logo após carregar todos os amigos que já ajudaram na sua jornada o Doutor ouve de Sarah Jane: "Você age como um homem só, mas tem a maior família da Terra!"




2 - "The Impossible Planet"/"Satans Pit"

Apesar do aparente caos do universo, o Doutor o conhece com a palma de sua mão e tudo visto do ângulo correto acaba fazendo sentido. Mas não desta vez. O Doutor e Rose vão até um planeta onde vão desvendar segredos realmente impossíveis. Sendo um Lorde do Tempo o Doutor pode saber de toda a história do tempo, mas não do que aconteceu antes dele.




1 - "Blink"

O melhor roteiros que eu já vi até hoje na série. Certamente foi o que carimbou o passaporte de Steven Moffat para produzir a série em 2010. Uma narrativa cinematográfica, detalhista, dissimulada, onde o Doutor e sua acompanhante se tornam coadjuvantes na aparição das criaturas mais assustadoras da série moderna sem que o episódio se perca do seu objetivo: provocar muita adrenalina.

20 de novembro de 2010

Geração Metáfora

Nesta semana que estive em São Paulo o Galeno chamou a atenção para a capa da revista Época daquela semana. Me surpreendeu pela interpretação que eu nunca havia cogitado:



Geração Harry Potter. Nunca pensei como um livro, uma mitologia, um fenômeno editorial foi capaz de moldar tantos aspectos da geração que chega aos 20 anos agora.

Sim, o assunto entra na onda do lançamento do último filme da série, mas não deixa de ser muito pertinente. Especialmente pra mim, na ocasião que esta reflexão aconteceu.

Dois rótulos comumente aplicados à saga e aos fãs de Harry Potter se bem analisados podem mostrar a fronteira entre dois mundos, duas interpretações e dois finais distintos: O conto-de-fadas e a fábula.

Apesar dos dois terem linguagem fantástica, a fábula tem como objetivo de passar lições de moral para a vida real, compromisso que um conto-de-fadas não tem, apesar de muitos também terem estas lições. Saber esta diferença é muito importante para entender a transformação da geração que acompanhou Harry Potter desde o princípio.



Tive contato com a história e o fenômeno bem no início. Estava frequentando um consultório de psicopedagogia na época tratando de uma timidez crônica e foi através da Fernanda, a psico que me atendia, que conheci a história e o mundo de Harry, sendo a própria Fernanda uma grande fã.

Falar sobre os desafios de se enfrentar a timidez é naturalmente fazer um paralelo ao mundo de Harry: A sensação de viver isolado no mundo mesmo no meio de tantas pessoas, a incomunicabilidade, a decepção. Mas também sendo alimentado pela fé de um dia ser resgatado dali para um novo mundo completamente oposto ao anterior, composto de compreensão e solidariedade.

É justamente neste ponto cabe a mudança de conto-de-fadas para fábula, da metáfora para a vida real. A revolução de ver tudo isso que era um mundo imaginário provar ser real, se materializar. Quem me conhece ou lê este blog sabe como isso foi importante pra mim e como ainda me faz chorar em momentos de introspecção.

A grande conclusão que gostaria de ver sobre esta "Geração Harry Potter" seria exatamente esta: Uma geração que através de um mundo imaginário criou uma fábula que serviu de estímulo para uma nova vida.

15 de novembro de 2010

A capital econômica das coisas que não tem preço



"São Paulo é um cinzeiro", dizia a pichação sobre a entrada da passagem subterrânea entre a Av. Paulista e Av. da Consolação. Nenhuma frase que li neste fim de semana soube resumir tudo que senti e entendi.

Nesta cidade Nenhuma cinza é inóspita o bastante a ponto de não ser mais um ambiente fértil. São Paulo é feita de muitos imóveis sem móveis mas cheios de sonhos. Sonhos de gente que se reinventa pra levar uma vida melhor nas mais variadas formas que "vida melhor" possa ter.

As dúvidas e incertezas podem ser muitas, mas convicções com gosto de idiossincrasia dão o tom para continuar seguindo. Muito maior que o prazer de estar numa cidade que pulsa a economia e boa parte da cultura nacional é sentir como milhares de sonhos e projetos de vida tocam toda esta máquina.

Estas moradias vazias ricamente decoradas de vontades e de amigos...