Há muito tempo tento explicar em linha compreensíveis a minha relação com esta clássica série sci-fi britânica. Hoje me senti preparado para isso, pelo menos tentar um pitaco ou dois sobre o assunto.
Para quem não conhece nada da série, segue um pequeno preâmbulo: "Doctor Who" narra as aventuras de um ser alienígena muito parecido fisicamente com os seres humanos (exceto pelos dois corações) que tem uma "nave" disfarçada de cabine telefônica, com a qual viaja através do tempo e do espaço salvando os humanos e também outros alienígenas de situações complicadíssimas.
Voltando ao plano pessoal, muitos pontos de Doctor Who me levam a reflexão. O primeiro aspecto que chama a atenção de quem vê a série pela primeira vez é como a humanidade é indefesa e por tabela como o Doutor a subestima. Ele faz o seu trabalho como faria por qualquer outra raça, de qualquer outro planeta, mas mesmo assim não a respeita a espécie humana. Em certos pontos cômicos da série descobre-se como ele costuma xingar os seres humanos como válvula de escape da sua raiva. Um soco no ego do Homo Sapiens, que tal?
Mas mesmo assim ele elege uma assistente, que varia ao longo da série. Esta é sua pequena e frágil relação com a raça humana que ao longo do tempo ganha novas facetas. Uma relação interpessoal nascida do zero, sem repertório, sem refer6encias e com uma dose cavalar de sinceridade. Assim paira a pergunta: Poderíamos viver desta mesma forma?
Outro ponto para se especular é a identificação da série frente aos espectadores. Como uma série de ficção poderia dizer tanto sobre as pessoas que a assistem?
O Doutor enfrenta perigos muito, mas muito acima do que ele poderia lidar com facilidade. A total ausência de zona de conforto. Os perigos são reais e nem tudo acaba bem no final. Consegue imaginar situação parecida na sua vida? Desafios que você precisa enfrentar sem ter em quem confiar?
Alguém sem casa, sem referências, que ao invés de lamentar seu passado preferiu seguir em frente e usar o que tem para ajudar quem precisa. Praticamente uma premissa clássica de qualquer super-herói. E nessas premissas é que nos encantamos e nos identificamos nessas personas.
No final entendemos o que mais nos encanta não é conseguir uma solução para nossos problemas nos outros, mas somente saber que alguém passa pelos mesmos caminhos tortos já nos alivia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário