Tenho pra mim que todo humorista tem um grande vazio e uma grande dor dentro de si. Isso ficou bem mais claro pra mim numa cena que já devo ter contado aqui no blog, acontecida nos tempos que fazia fisioterapia. Esperando pela consulta, vi a fisio levando a paciente até a porta e ambas rindo de alguma coisa que não entendi. Ao me chamar e entrar na sala para começar a sessão ela falou um pouco sobre aquela pessoa. "Ela é muito engraçada, fala cada coisa... E ela está fazendo tratamento para depressão, muito curioso isso. Na verdade, é uma coisa bem comum pessoas com depressão serem alegres assim."
Claro que uma pessoa com depressão profunda não sai por aí contando a última bobagem que leu no Twitter, mas quem tem a depressão quase como um traço de sua personalidade (e eu me vejo assim) sabe muito bem usar uma máscara risonha. Talvez seja o lado do moeda que complete o Ying-Yang do mosaico que é um ser humano.
A tristeza e a dor tem o poder de nos des-anestesiar. Enxergar além das várias pequenas ilusões que vivemos todos os minutos e assim conseguir aquilo que a @rosana definiu um dia como humor, aquele choque que um neurônio causa no outro que dispara uma risada, um pensamento com caminho torto que destrói um conceito pronto.
E talvez seja enxergando o humor como uma forma de quebrar antigas estruturas que ele exista na mente e na forma de viver dos tristes e deprimidos. Uma vingança acontecendo dia após dia, sem que ninguém perceba.
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