"Nesse país nada é preto nem branco. É preciso viver na Rússia para entender a existência dessas zona cinzentas". Sem nenhuma pretensão Vivian Oswald cunha em algumas passagens do livro a expressão que melhor definiria o relato que é "Com vista para o Kremlin - A vida na Rússia pós-soviética". E felizmente o livro vai muito além de uma vista privilegiada da Praça Vermelha.
Vivian faz uma grande viagem pela alma russa e dos vários povos que viviram o brasão soviético, porque além de não ser nem preta nem branca, a Rússia não é óbvia. E tal como o Brasil não é para principiantes.
É bastante válida percepção feita ao longo do livro de como Brasil e Rússia podem ser parecidos em certos aspectos, tantos pelos problemas como por soluções adotadas. A necessidade de se reencontrar com a própria história é latente tanto lá como cá, muito além dos laços ideológicos comunistas como de Luiz Carlos Prestes que julgamos serem tão relevantes. A era comunista é colocada em discussão para saber se Stálin foi herói ou vilão e em qual proporção, assim como nós brasileiros buscamos saber o que fazer com os anos de chumbo da ditadura. Assim a Rússia segue se construindo em um novo cenário, porque a Rússia não para.
O livro é um relato extenso, muitas vezes pessoal e também um pouco confuso sobre os dois anos de Vivian como correspondente na Rússia. Mas com um excelente sabor de relato pós-viagem de alguém que você não quer perder nenhum detalhe da viagem. A vida os apartamentos comunitários da era comunista, o metrô de Moscou, a repressão de um governo contra sua própria população, o drama do alcoolismo, a rica herança cultural, com museus, teatro, cinema e literatura, tudo contado em 367 páginas bastante despidas dos tradicionais esterótipos sobre este país. Um bom guia para quem quer entrar neste mundo.
E quem sabe uma oportunidade aberta para que os russos conheçam o Brasil além do kit-básico "Carnaval-futebol"
Para uma visão bem mais aprofundada sobre a Rússia atual recomendo visita ao blog Falando Russo.
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