10 de março de 2018

Série - "Strike"


A série "Sherlock" é um fantasma que assombra a relação do mundo exterior com a televisão britânica. A combinação do seu sucesso com seu formato incomum para a audiência internacional (conjunto de 3 episódios com 1h30 de duração sem temporadas regulares) é motivo de choro e ranger de dentes entre fãs e a produção da série, que também enfrenta inúmeros outros desafios internos.

Parece meio injusto começar uma resenha sobre a série "Strike" já trazendo lembrança de outra série de detetives, e talvez até seja. Mas não dá para fugir do fato que não vai ser a primeira vez que uma comparação será invocada, por mim ou por você que me lê caso já tenha tido experiência com o gênero. Um público faminto por algo vai expressar voracidade quando o prato for servido, mas não acredito que o paladar desenvolvido dele aceite qualquer coisa. Felizmente creio que "Strike" definitivamente não é qualquer coisa.

Sendo uma história escrita por J. K. Rowling sob pseudônimo chegando à televisão e produzida por ela mesma acaba tendo mesmo a tarefa de fugir da associação com Harry Potter e seu público-alvo infanto juvenil, mas em "Strike" J. K. tem principalmente a chance de mostrar que pode levar a televisão seu grande talento de envolver o público através da forma que desenvolve histórias. Quem acompanhou "Sherlock" da BBC e também "Elementary" na CBS (imagino que um grupo muito pequeno, o que é uma pena já que ambas tem seus méritos em diferentes áreas) encontra referências em todo lado: ex-combatente ferido no Afeganistão, a mulher se descobrindo investigadora profissional e se impondo na área, o relacionamento com o submundo de Londres. Mas talvez isso seja o arroz-com-feijão de qualquer história de detetive britânica, o pompom da colega de trabalho que não pode faltar no Programa Sílvio Santos. Acaba sendo imprescindível adicionar personalidade, ritmo, passados enterrados, um algo mais para poder fisgar o público até o desfecho dos casos.

Tom Burke e Holliday Grainger conseguem dar esse tom necessário aos seus papéis. Tom encarna o homem cheio de cicatrizes físicas e psicológicas do passado que ainda busca, sem muitas expectativas, alguma paz de espírito na vida mesmo que através do seu ingrato trabalho, que se depara com Holliday como Robin, uma jovem de habilidades e talento natos que está vivendo encruzilhadas da sua vida. Dividem uma afinidade imensa e quase instantânea pelo amor à ciência da investigação, mas cabe ao tempo responder se ela se limitará apenas a isso.

Talvez vindo de J. K. não seja de se espantar que a deficiência física de Cormoran e o conflito diante a escolha de carreira de Robin ganhem destaque na história. A autora com frequência se manifesta em público a respeito de inclusão e igualdade ao mesmo tempo que muitas vezes isso entra em choque com decisões artísticas que toma. Mas isso não torna a saga de Cormoran e Robin mais dispersa, na verdade dá a sensação contínua de como o trabalho de um detetive não consegue o blindar dos dramas comuns e alguns não tão comuns da vida de alguém, diferente de personagens como Sherlock que muitas vezes tem como única conexão com o mundo real e dos sentimentos humanos o seu assistente Watson.

Pretensão? A série pode ter alguma, mas se você se concentrar em procurar isso vai se privar de uma boa história de investigação de crime.



Em uma nota avulsa, o tema de abertura me fisgou totalmente. Beth Rowley interpreta "I Walk Beside You" que descobri que infelizmente não existe disponível na íntegra em lugar nenhum. Mas eis que buscando no YouTube encontrei cover declaradamente feito por fã da série. Deduzo que vem um novo fandom por aí.


"Strike" foi exibida na BBC One, produzida em parceria com a HBO para o Cinemax. Em breve estará em exibição em outros países.

8 de maio de 2013

"Você é muito pouco neurótico!"

O meu blog não tem esse nome à toa. Eu sou uma pessoa neurótica.
E não é uma forma de "orgulho", daquelas pessoas que acham bacana dizer que é depressivo ou bipolar. Ser neurótico te engessa pela vida e o responsável por isso é você mesmo. O inimigo é você mesmo, por isso essa necessidade de auto-crítica constante.


[infográfico sobre a vida de um neurótico]



Fui percebendo com o tempo que o principal motivo de stress pra mim é ficar interferindo em tudo para que tudo aconteça do jeito "certo", do jeito que eu quero. Você vai acumulando "obrigações" que não são suas, não delega e quando o corpo físico já não agüenta tentar mais ser onipresente, ele pifa. Pifa porque a neurose, o stress, como tudo numa pessoa é um poço sem fundo. Enquanto você estiver disposto a explorar seus medos mais eles vão aflorar.

"Coisa da sua cabeça"? Sim. Mas não quer dizer que seja fácil de resolver. É um longo caminho.

(Título do post em referência a uma frase que usei debochadamente contra o @OneLag numa mesa de bar)

14 de abril de 2013

Todo ouvidos

Eu tenho pensado muito que o espirito de um jornalista não é dizer ao aparentemente errado o jeito certo. É dar a chance do errado consegui provar que ele está certo.

31 de dezembro de 2012

ENEM 2012 - Como cada veículo gostaria de cobrir







































































14 de novembro de 2012

Atualidades e antiguidades

Eu não saberia dizer se gosto mais de jornalismo ou de história. Pra mim são duas coisas que se complementam, faces da mesma moedas, irmãos.


A história é uma das fontes para buscar entender o que acontece hoje. E quem vai dar as pistas daqui há muito tempo sobre o que aconteceu naquele dia é o jornalismo.


Comparo o processo jornalístico como se fosse suco de uva. A história é a prova real dele, é quem vai dizer tempos depois se o resultado se tornou vinho ou vinagre.

16 de outubro de 2012

O2

O bairro que estou morando atualmente é um bairro de muros. Não de casas, de muros. — Fernado Pessoa se perguntaria: Onde está Lisboa com suas casas de várias cores? Onde estão as casas em si? — Porque eu não sei como são as casas, estão escondidas atrás dos muros. Isso ao mesmo tempo me irrita e me deixa aflito. Um sentimento de prisão, de claustrofobia, que com o tempo evolui para stress. Eu precisava rever como é o mundo de verdade. Recarregar o celular num domingo à tarde foi a desculpa que coube para atravessar a cidade a pé.


Não sei se foi o cansaço físico disso ou o alívio mental que causou mas dormi nesse dia melhor do que em muitos meses. Mas a causa da angústia continua, logo a estratégia será repetir isso com mais frequência. Talvez numa frequência assustadora. Parece que não só o cérebro em si se oxigena (apesar de muita poluição no ar) mas as idéias também. Talvez ajudado pelo fato de não ter um celular funcionando me fez falar um pouco comigo mesmo. Falar com aquela inspiração totalmente anti-social, que desaparece quando falo com alguém, quando leio um jornal, quando abro o Twitter.


Talvez a falta dela tenha me levado a saúde mental.

1 de outubro de 2012

Um mito. Em poucas palavras.

O jeito alegre da Hebe é tipo uma loucura. A melhor loucura pra se ter, diga-se de passagem.

É muito bom ter uma loucura que não faz mal nem aos outros nem a si mesmo.